Textos Socialização
Teoria Clássica: Sociedade e socialização dos indivíduos.
Texto 1 - Karl Marx
Os indivíduos e a história
A História não faz nada, "não possui nenhuma riqueza imensa", "não luta nenhum tipo de luta"! Quem faz tudo isso, quem possui e luta é, muito antes, o homem, o homem real, que vive; não é, por certo, a "História", que utiliza o homem como meio para alcançar seus fins — como se se tratasse de uma pessoa à parte —, pois a História não é senão a atividade do homem que persegue seus objetivos. (Marx, Karl e Engels, Friedrich. A sagrada família. São Paulo: Boitempo, 2003. p. 111).
Texto 2: Max Weber
Sobre a ação social
A ação social (incluindo tolerância ou omissão) orienta-se pela ação de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por ataques anteriores, réplica a ataques presentes, medidas de defesa diante de ataques futuros). Os "outros" podem ser individualizados e conhecidos ou então uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos (o "dinheiro", por exemplo, significa um bem — de troca — que o agente admite no comércio porque sua ação está orientada pela expectativa de que outros muitos, embora indeterminados e desconhecidos, estarão dispostos também a aceitá-lo, por sua vez, numa troca futura). [...] Nem toda espécie de contato entre os homens é de caráter social; mas somente uma ação, com sentido próprio, dirigida para a ação de outros. Um choque de dois ciclistas, por exemplo, é um simples evento, como um fenômeno natural. Por outro lado, haveria ação social na tentativa dos ciclistas se desviarem, ou na briga ou considerações amistosas subsequentes ao choque. (Weber, Max. Ação social e relação social. In: Foracchi, Marialice Mencarine, Martins, J. de Souza. Sociologia e sociedade. São Paulo: Livros Técnicos e Científicos, 1977. p. 139).
Texto 3: Émile Durkheim
A sociedade, a educação e os indivíduos
[...] cada sociedade, considerada num momento determinado do seu desenvolvimento, tem um sistema de educação que se impõe aos indivíduos como uma força geralmente irresistível. É inútil pensarmos que podemos criar os nossos filhos como queremos. Há costumes com os quais temos que nos conformar; se os infringimos, eles vingam-se em nossos filhos. Estes, uma vez adultos, não se encontrarão em condições de viver no meio dos seus contemporâneos, com os quais não estão em harmonia. Quer tenham sido criados com ideias muito arcaicas ou muito prematuras, não importa; tanto num caso como noutro, não são do seu tempo e, por conseguinte, não estão em condições de vida normal. Há pois, em cada momento do tempo, um tipo regulador de educação de que não podemos desligar sem chocar com as vivas resistências que reprimem as veleidades das dissidências. (Durkheim, Émile. Educação e sociologia. Lisboa: Edições 70, 2001. p. 47).
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Teoria Contemporânea: Sociedade e socialização dos indivíduos
Texto 1: Norbert Elias
Escolhas e repercussão social
Toda sociedade grande e complexa tem, na verdade, as duas qualidades: é muito firme e muito elástica. Em seu interior, constantemente se abre um espaço para as decisões individuais. Apresentam-se oportunidades que podem ser aproveitadas ou perdidas. Aparecem encruzilhadas em que as pessoas têm de fazer escolhas, e de suas escolhas, conforme sua posição social, pode depender seu destino pessoal imediato, ou o de uma família inteira, ou ainda, em certas situações, de nações inteiras ou de grupos dentro delas. Pode depender de suas escolhas que a resolução completa das tensões existentes ocorra na geração atual ou somente na seguinte. Delas pode depender a determinação de qual das pessoas ou grupos em confronto, dentro de um sistema particular de tensões, se tornará o executor das transformações para as quais as tensões estão impelindo, e de que lado e em que lugar se localizarão os centros das novas formas de integração rumo às quais se deslocam as mais antigas, em virtude, sempre, de suas tensões. Mas as oportunidades entre as quais a pessoa assim se vê forçada a optar não são, em si mesmas, criadas por essa pessoa. São prescritas e limitadas pela estrutura específica de sua sociedade e pela natureza das funções que as pessoas exercem dentro dela. E, seja qual for a oportunidade que ela aproveite, seu ato se entremeará com os de outras pessoas; desencadeará outras sequências de ações, cuja direção e resultado provisório não dependerão desse indivíduo, mas da distribuição do poder e da estrutura das tensões em toda essa rede humana móvel. (Elias, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. p. 4).
Texto 2: Pierre Bourdieu
Habitus, o que é isso?
Os habitus são princípios geradores de práticas distintas e distintivas — o que o operário come, e, sobretudo, sua maneira de comer, o esporte que pratica e sua maneira de praticá-lo, suas opiniões políticas e sua maneira de expressá-las diferem sistematicamente do consumo ou das atividades correspondentes do empresário industrial; mas são também esquemas classificatórios, princípios de classificação, princípios de visão e de divisão e gostos diferentes. Eles estabelecem as diferenças entre o que é bom e mau, entre o bem e o mal, entre o que é distinto e o que é vulgar etc., mas elas não são as mesmas. Assim, por exemplo, o mesmo comportamento ou o mesmo bem pode parecer distinto para um, pretensioso ou ostentatório para outro e vulgar para um terceiro.( Bourdieu, Pierre. Razões práticas. 4. ed. Campinas: Papirus, 1996. p. 22).
Texto 3: Charles Mills
A Sociedade das Massas
A sociedade de massas sugere que a sociedade é composta por indivíduos que se sentem isolados e alienados. Em vez de serem membros ativos de grupos sociais significativos (famílias, comunidades, clubes), as pessoas são anônimas e a sociedade é composta por uma massa de indivíduos semelhantes. A sociedade de massas é uma sociedade na qual a vida do indivíduo é influenciada e controlada por instituições, redes de informação e fluxos de massa. Nessa sociedade, os indivíduos não são mais formados por interações significativas com outras pessoas, mão são moldados pela forças impessoais da sociedade de massas. (Mills, C. W. A Imaginação Sociológica. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1959).
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