Pensando o pensar em uma aula invertida do Ensino Médio.
Este plano de aula de Filosofia destinado para o Ensino
Médio[1], permite refletir sobre o conceito Pensamento,
primordial na atividade filosófica: boas razões de visão e atuação no mundo, pressupondo que se compreenda a origem dos
próprios pensamentos e as suas atividades.
Para tal finalidade, perpassarei por ações de ensino-aprendizagem fundamentadas
com as metodologias ativas[2]: pré-aula (sensibilização
– investigação), aula (construção e fundamentação) e pós-aula (reconstrução e
apresentação de resultados), ou seja, rotação por Estações, rotação individual e Modelo Flex[3],
dos quais serão analisados e pesquisados vídeos de YouTuber, bancos de imagens
Pinterest[4] e Pixabay[5]
e a plataforma de aprendizagem Edmodo[6].
Pois, uma aula de Filosofia, torna o lugar de aprendizagem ativa, onde há
perguntas, discussões e atividades práticas. (VALENTE, 2014, p. 86).
Porquanto,
no mundo pós-moderno o uso de tecnologias digitais para o ensino-aprendizagem é
uma realidade significativa, principalmente, entre os jovens do Ensino Médio,
ávidos consumidores e “reprodutores” de informações ou ideias produzidas por
outrem. E, quando se refere ao ensino da Filosofia, espera-se uma análise
crítica dos mesmos da realidade em que vivem e sejam autônomos.
O tema é complexo, portanto, não esgotando as suas
nuances em algumas aulas. E, justamente por isso que foi escolhido. Porque
permite diversas perspectivas e abordagens, reconstruindo sempre novas
possibilidades, portanto, a construção do conhecimento sólido.
1. Dados Pedagógicos
DURAÇÃO
|
TEMA DA AULA
|
CONTEÚDO
|
RECURSOS
|
[7]4-5 aulas
|
Os Pensamentos e a Mente
|
Relação da natureza do pensamento
e da mente. Bem como a origem e as divergências entre eles, bem como a
construção do pensamento fundamentado e crítico.
|
1.
Computador
2.
Data show
3.
Quadro
/ Giz
4.
Textos
dos autores
5.
Cadernos
/ Oficio
6.
Livro
didático
7.
Internet
|
2. Objetivos
2.1Geral:
Estimular os alunos a pensarem sobre a natureza do pensamento e da mente.
2.2 Específicos:
a)
Comparar os diferentes pontos de vista e
reconhecerem algumas ideias importantes sobre o assunto.
b)
Dialogar reflexividamente sobre os assunto proposto e tornarem
conscientes de si próprios.
3. Metodologias e Estratégias didáticas
I
Parte: Pré-aula (sensibilização – investigação)
3.1
Disponibilizar na plataforma Edmodo os vídeos:
Descrição das bases filosóficas sobre
o conceito Pensamento em Descartes, Hume e Kant exibidos pelo Fantástico no quadro “Ser ou Não Ser”.
Funcionamento
do cérebro humano e como algumas partes dele possuem funções especiais.
Após as visualizações dos vídeos, passara-se para os
debates quanto aos aspectos tratado por meio de enquetes, conforme abaixo:
Para alguns pensadores, a mente humana não era algo
estimulado pela experiência. Acreditavam que os pensamentos davam sentidos as
suas experiências. Então, diziam: “Uma pessoa precisa ter pensamentos a fim de
dar sentidos as suas experiências”. O que emerge diversas discussões.
Discutamos algumas:
1) A mente pode ter
pensamento sem ter tido experiência alguma antes?
2)
Você preferia pensar sobre os seus
próprios pensamentos ou sobre o pensamento dos outros?
3)
Se você estiver pensando em uma pessoa, você tem a imagem dela na sua mente ou
só pensa no nome dela?
4)
Pensar e imaginar são as mesmas coisas?
Para a aula presencial
solicitarem aos alunos apresente uma estatística (síntese) das respostas
surgidas, divididas em categorias.
a)
Respostas
semelhantes.
b)
Respostas
divergentes.
c)
Outras
sugeridas pelos próprios alunos.
II – Parte: Aula (construção e fundamentação)
3.2 Diálogo dos
resultados obtidos e compartilhados no momento da pré-aula e relacionar com o
texto sugerido: A Ciência e a Lógica
– I Parte - A unidade entre o ser e o Pensar na Ciência da
Lógica
a)
Ler
atentamente.
b)
Voltar
a ele para os exercícios práticos: Mapas Conceituais (Mindomo) e uma questão de múltipla escolha.
c)
Comparar
o texto a explanação dos filósofos apresentados no vídeo Ser ou não ser, Descartes, Hume, Kant.
Entre os
textos norteadores da aula foram escolhidos três filósofos Descartes O Discurso
do Método (2004), concebendo o pensamento como uma atividade mental ou
espiritual, Kant Fundamentação da Razão Pura (1999) uma atividade
discursiva, Hegel A Ciência da Lógica 1: A Doutrinação do Ser (1999)
uma atividade intuitiva. Em que, a combinação dos ambientes mais formais
com os informais (redes sociais, wikis, blogs), feita de forma inteligente e
integrada... (MORÁN, 2015, p.24). Nesse sentido, tornando-se relevante
para um espaço dialógico, reflexivo e novas possibilidades de práticas educacionais
integrantes aos espaços digitais para alunos e professores.
Nesse sentido,
buscaremos o enunciado do texto proposto em três eixos[8]
a)
históricos
b)
temáticos
c)
problemática:
as questões, os objetos da discussão, a argumentação do texto, estabelecidos
pelo texto.
Analisados pelo
processo maiêutico: 1) As oposições entre o que é real e o que não é.
Explicação
textual
Para Hegel o pensamento
é um conceito intuitivo configurado como uma faculdade espiritual:
O pensamento [...] em
seu significado subjetivo comum como uma atividade ou faculdade espiritual, ao
lado de outras (sensibilidade, intuição, fantasia, querer, etc.). [...] O
pensamento representado como sujeito, é pensante; a expressão simples do
sujeito existente como pensante é o eu. (HEGEL, 2016, p.32).
O ato de pensar pode
ser entendido em três categorias distintas, contudo intricadas umas nas outras:
1)
Entendimento: É a separação dos aspectos
inteligíveis mediante um procedimento de diferenciação entre um objeto e outro.
Também reúne o Ser e Nada no conceito
do Vir-a-Ser ou Devir.
Mas o entendimento
reflexionante apoderou-se da filosofia [...]; é preciso compreender com isso o
entendimento que abstrai e, assim, separa, persistindo em suas separações.
Voltado contra a razão, ele se comporta como entendimento humano comum e faz
valer sua opinião que a verdade repousa sobre a realidade sensível, que os
pensamentos são apenas pensamento, no sentido de que primeiramente a percepção
sensível lhes dá conteúdo [Gehalt] e
realidade, que a razão, ao permanecer em si e para si, apenas produz quimeras
(HEGEL, 2011. p. 24).
2) Razão Dialética: Questiona os critérios de separação do
entendimento mostrando novos modos de concepção e compreensão da realidade.
Entre as categorias do
entendimento e a da razão dialética, sobrepõe, a razão especulativa, que é a instituição de um discurso em
movimento. Um refere-se a outra.
3) Suprassunção:
É o discurso especulativo mostrando a possibilidade de avançar nas
determinações, negando, conservando e elevando as categorias anteriores.
Para Hegel, quando há
referência do pensar e dos pensamentos, como atividade ou produto abstrato,
distante da realidade, então, há separação entre o ser e o pensar, do objetivo
e do subjetivo, ou seja, são inseparáveis, distinguindo entre o Ser e o Pensar.
Por outro lado, quando
referimos ao conceito de mente, há uma relação entre consciência que é a forma
mais primitiva, ou seja, a certeza sensível. Reflete sobre si mesmo, passivo e
implica na percepção e na superação do entendimento. Já pela autoconsciência,
como pura contemplação, surge como desejo, estado de insatisfação de si mesma,
resultante da vida social e reconhecimento mútuo. Por outro lado, a
autoconsciência da razão, descrição da psicologia e retorno a eticidade como
razão que faz de si.
3.3 Avaliação
I – Parte: Questão Conceitual – Múltipla
Escolha.[9]
3.3.1
Questão
1
É sabido que o pensar é a constituição humana, por
isso, precioso em si e por si mesmo. Pois, promove a significação, a
compreensão e a concepção da realidade, a criação, entre outras produções.
Segundo Descartes
O discurso do Método (2004), o ato de pensar é um artificio, independente
do seu conteúdo não podendo ser colocando como dúvida, pois, é impossível. Que
o fez concluir: [...] eu penso, logo
existo, era tão firme e tão certa [...], julguei que podia aceitá-las, sem
escrúpulo, como princípio da Filosofia que procurava. (Descartes, 2004,
p.46). No pressuposto de Kant Fundamentação
da Razão Pura (1999), só possamos obter um determinado conhecimento da
realidade, a partir da captação de nossas estruturas mentais: entendimento e sensibilidade, em que a
realidade é pensada por nós. Na concepção de Hegel A Ciência da Lógica 1: A doutrinação do Ser (2016), o pensamento é um conceito intuitivo
configurado como uma faculdade espiritual: O
pensamento [...] em seu significado subjetivo comum como uma atividade ou
faculdade espiritual, ao lado de outras (sensibilidade, intuição, fantasia,
querer, etc.). [...] O pensamento representado como sujeito, é o pensante; e a
expressão simples do sujeito existente como pensante é o eu. (Hegel, 2016,
p.32).
Analise as ações específicas a seguir:
a.
Resolver
um problema de química na prova do Enem.
b.
Eleger
um representante da turma.
c.
Planejar
e organizar uma noite cultural na escola.
d.
Fazer
um Mapa conceitual sobre a temática pensar para prova de Filosofia.
e.
Pensar
sobre os acontecimentos de ontem.
f.
Pensar
sobre o conceito de Identidade para mim.
Considere as seguintes atividades
mentais:
- Recordar.
- Refletir.
- Compreender.
- Raciocinar.
- Levar em conta.
- Julgar.
Tendo
avaliado as ações específicas propostas como base o texto acima, podemos
afirmar que ao referir-se à ação especifica corresponde uma atividade mental.
Assinale a alternativa que indica a associação correta.
a)
1e;
2f; 3d; 4a; 5c; 6b.
b)
1e;
2a; 3d; 4c; 5b;6f.
c)
1e;
2c; 3a; 4f; 5b; 6d.
d)
1e;
2d; 3f; 4a; 5c; 6b.
e)
1e;
2b; 3f; 4a; 5c; 6d.
Resposta: A
Justificativa
As pessoas amiúde arriscam em uma descrição em sua
mente e o seu pensamento através de analogias (raciocínio desenvolvido a partir
de semelhanças entre casso particulares, negando apenas uma proposição
particular como ponto de partida), pois, a mente tanto pode ser alguma coisa
dissoluta, obscura e complexa, assim como os pensamentos ou ao contrário,
alguma coisa que podemos fazer quando queremos. Ás vezes não conseguimos deixar
de fazer, e às vezes, fazemos quando queremos e devemos fazer.
Nesse sentido, as atividades da mente, entre
princípios primários, envolvem:
1.
O
recordar (antecipação da percepção),
quando lembramos, estamos recorrendo as imagens, as sons e gostos que sentimos
em experiências anteriores.
2.
O
refletir (discurso internalizado), o
falar consigo mesmo, uma comunicação silenciosa, privada.
3.
O compreender
(junção da percepção e do discurso internalizado), onde há discussões,
análises de percepções e argumentos, tendo em vista o comportamento linguístico
(como falamos e expressamos).
4.
O
raciocinar: É o pensamento em
movimento exercendo pressão progressiva para frente. [...] Os raciocínios
conhecidos como inferências podem ser contrastados de interpretação, no sentido
de que inferências válidas preservam a verdade sem consideração do significado,
enquanto que as interpretações exatas preservem o significado sem consideração
da verdade. (LIPMAN, 1990, p.48).
5.
O
levar em conta: é o mesmo que buscar
boas razões para a compreensão do
objeto de estudo ou vivido pela experiência. Sem negligenciar alguma
consideração relevante, desenvolvimento de habilidade da investigação,
verificando a abrangência e a complexidade de algo.
6.
O
julgar: é a capacidade de
reconhecimento ou utilização consciente das precisões ou imprecisões da
realidade, do objeto estudado ou das experiências vividas.
Todas essas ações mentais estão intricadas uma nas
outras, ou seja, são dependentes no processo de construção do conhecimento.
II – Questão de Aplicação
3.3.2
Solicitação
aos alunos que se dividem em grupos de três[10],
para realizarem um mapa mental (Mindomo[11])
das ideias principais discutidas dos textos por semelhança e diferenças,
excluindo as diferenças de cada texto. Para cada grupo um texto. E,
apresentarem os resultados, compartilhar no Edmodo.
3.3.3
Em
seguida, solicitar aos participantes que mudem de grupos. Para que possam
construir um painel com fotos selecionadas no Pinterest[12]
/ Pixabay[13]
sobre: O pensamento é... Compartilhar no Edmodo ou em outras plataformas.
4. Referências
Apoio
para o professor
FOLSCHEID, Dominique; WUNENBURGER,
Jean-Jacques. Metodologia Filosófica.
Tradução Paulo Neves. 4ª edição. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
GALLO, Silvio. Metodologia do Ensino de Filosofia: uma Didática para o Ensino
Médio. Campinas/São Paulo: Papirus, 2012.
HORN, Michael B.; STAKER, Heather. Blended: usando a inovação disruptiva
para aprimorar a educação. Tradução Maria Cristina G. Monteiro. Porto Alegre:
Penso, 2015.
LIPMAN, Matthew. A
Filosofia vaia à escola. Tradução Maria Elice B. Prestes; Lucia M. S.
Kremer. 3ª edição, v. 39. São Paulo: Summus, 1990. _ (Novas buscas em
educação).
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO / SECRETARIA
DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Orientações
Curriculares para o Ensino Médio: Ciências Humanas e suas tecnologias. v.
3. Brasília: Ministério da Educação / Secretaria da Educação Básica, 2006.
Básicas
para os alunos
DESCARTES, René. Discurso do Método. Tradução Enrico Corvisieri. São
Paulo: Nova Cultural. _ (Os pensadores).
HEGEL, Georg W.
Friedrich. Ciência da Lógica
(excertos). São Paulo: Barcarola, 2011.
KANT, Imannuel. Crítica da Razão Pura. Tradução Valério
Rohden; Udo B. Moosburger. São Paulo:
Nova Cultural, 1999. _ (Os pensadores).
Complementares
para alunos e professores
CHAUÍ, Marilena de Souza. Iniciação
à Filosofia. São Paulo: Ática, 2010.
COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna.
Fundamentos de Filosofia. São Paulo:
Saraiva, 2010.
DIMENSTEIN, Gilberto; RODRIGUES,
Marta M. Assumpção; GIANSANTI, Álvaro Cesar. Dez lições de Filosofia para um Brasil cidadão. São Paulo: FTD,
2008.
MENG, Tomás Farcic. A unidade entre
o ser e o Pensar na Ciência da Lógica. In:
Revista Opinião Filosófica, v. 03,
n. 3, Porto Alegre, 2012.
[1] Tal plano de aula foi apresentado
no V WEB CURRÍCULO da PUCSP em outubro de 2017.
[2] Uma aula invertida: [...] A combinação de aprendizagem por desafios,
problemas reais, jogos, com a aula invertida é muito importante para que os
alunos aprendam fazendo, aprendam juntos e aprendam, também, no seu próprio
ritmo. (MORÁN, 2015, p. 22-23). Portanto, [...]. Na abordagem da sala de
aula invertida, o aluno estuda antes da aula e a aula se torna o lugar de
aprendizagem ativa, onde há perguntas, discussões e atividades práticas.
(VALENTE, 2014, p. 85-86).
[3] A proposta consistirá em
atividades de estudos pré-aula como um roteiro individual a serem cumpridas pelos
participantes na estação individual.
[4] É uma rede
social de compartilhamento de fotos, onde os usuários podem compartilhar e
gerenciar imagens temáticas, como de jogos, de hobbies, etc, além de poder comentar e realizar outras ações
disponibilizadas pelo site.
[5] Site
internacional para o compartilhamento, em domínio público, de fotos,
ilustrações, imagens vetoriais, e cenas de vídeo, gratuitos e de alta qualidade.
[6] Uma plataforma de gerenciamento de
aprendizagem, desenvolvido por meio de computação em nuvem
[7] Duração em média. Possivelmente,
haja a necessidade de distribuir em mais aulas dependendo do tempo
disponibilizado para formação dos professores.
[8] Seguindo a proposta metodológica
sugerida pelo professor e filósofo Dr. Silvio Gallo(Unicamp) no livro Metodologia
do Ensino de Filosofia: uma Didática
para o Ensino Médio (2012).
[9] Instrumental seguindo a estrutura
do processo cognitivo na Taxonomia de Bloom: uma organização hierárquica de
objetivos educacionais. No domínio cognitivo pode ser subdividido em seis
categorias: 1) Conhecimento: reprodução com exatidão o conteúdo a teoria
estudada; 2) Compreensão: ampliação do conteúdo estudado, prevendo
consequências ou representação; 3) Aplicação: transposição do conteúdo geral
para uma situação especifica; 4) Síntese: reunião o conteúdo para compor um novo; 5) Análise
:pressupõe a identificação dos aspectos centrais de um proposição e sua
validade; 6) Avaliação: confrontação de um dado, uma teoria com o critério que pode ser internos ao próprio objeto.
[10] Segundo Hans Aebli, o trabalho de
grupo promove de situações de aprendizagem e colaboração no âmbito social. O
número de três pessoas é significativo pois permite que haja discussões
coerentes.
[11] É um software / plataforma para criação de mapas mentais que tem como
objetivo a organização de ideias através de um modelo de mapa. Possui soluções
personalizadas e uma forma de adquirir conhecimento.
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