Sofistas e Sócrates
O relativo e o absoluto
Nessa aula os filósofos estão à caminho de compreensão de uma nova perspectiva de pensar a vida. No momento o foco é o homem. Que é o homem? Qual a sua essência? Os que filósofos que debruçaram sobre essas e demais perguntas, foram os sofistas, em especial, Górgias, como apontamento do relativo. Para Sócrates, o absoluto em essência do autoconhecimento. Vejamos alguns textos:
Autoconhecimento
Fonte: Sócrates, o mestre em busca da verdade (novaescola.org.br)
a) - Em
geral, portanto, todos aqueles que antes considerávamos bens, parece que por
natureza não podem ser chamados bens por si mesmos, mas, antes, resulta-nos o
seguinte: se são dirigidos pela ignorância, revelam-se males maiores do que os
seus contrários, porque mais capazes de servir a uma direção má; se, ao
contrário, são governados pelo juízo e pelo conhecimento, são bens maiores. Por
si mesmos, nem uns, nem outros têm valor. – Parece que é assim como dizes, não
há como pensar diferente. – E que se deduz pressupostos? Todo o resto não é nem
bem nem mal, e das duas coisas que permanecem, a ciência é um bem, a ignorância
um mal. (PLATÃO, Eutidemo, 281, d - e).
b) – Me parece que entre todas as opções possíveis não há homem que não
escolha o mais vantajoso. Nem sábios nem prudentes, pois, acho que não agem com
retidão. Na sabedoria resume-se a justiça e todas as outras virtudes; todas as
ações justas e virtuosas são belas e boas. Os que as conhecem nada podem
praticá-las como, se o tentam, só cometem erros. Assim, os sábios praticam atos
belos e bons, enquanto os que não o são só podem descambar em faltas. E se nada
se faz justo, belo e bom que não pela virtude, claro é que na sabedoria se
resumem a justiça e todas as demais virtudes (XENOFONTE, Ditos e feitos
memoráveis de Sócrates, III, 9).
c) – Ninguém que saiba ou creia que haja coisas
melhores do que as que faz, e que sejam possíveis para ele, continua a fazer
estas últimas, tendo possibilidade de coisas melhores; o deixar-se vencer por
si próprio não pode ser senão sabedoria... E então? Acaso não afirmas que a
ignorância é algo semelhante a isto: ter falsa opinião e enganar-se sobre
argumentos de grande importância? E que outra coisa dizei eu, senão que ninguém
voluntariamente, vai ao encontro dos males ou do que é por ele considerado um
mal?! – Nada diferente poderia ser. [...] – Se, pois, o viver bem consistente
nisto – em fazer e tomadas as medidas maiores e evitar as pequenas, qual nos
parecerá ser a salvação e nossa vida? [....] Não te parece que seja, antes de
tudo medida do excesso e da falta e procura de equilíbrio entre os termos? –
Necessariamente, há de ser ciência e arte. (PLATÃO, Protágoras,
358a, 356c).
O método
O método é dividido em dois momentos: Ironia ou Refutação e a Maiêutica. Vejamos:
Momento refutatório-irônico
Momento maiêutica
a) Sócrates – É que tens as dores do parto, caro Teeteto, porque não estás vazio, mas grávido. Teeteto – Não sei, Sócrates. Digo-te, porém, o que estou sentido. Sócrates – Mas, então, ridículo rapaz, não ouviste dizer que sou filho de uma famosa e hábil parteira, Fenarete? Teeteto – Já ouvi dizer isso. Sócrates – E ouviste dizer que pratico a mesma arte? Teeteto – De modo nenhum. Sócrates – Então, saibas que é assim. Porém não o digas aos outros. Com efeito, amigo, mantive escondido que possuo esta arte: eles, não sabendo disso, não dizem isso de mim, e sim que eu sou um homem estranhíssimo e deixo em embaraço os outros. Ouviste dizer também isto? Teeteto – Sim. Sócrates – Digo-te, portanto, o motivo? Teeteto – Sim, por favor. Sócrates- Pensa bem em tudo o que se refere à condição das parteiras, e aprenderás mais facilmente o que quero dizer [...]. Além do mais, na minha arte há a seguinte particularidade: que se pode averiguar de vários modos, se o pensamento do jovem vai dar à luz algo de fantasioso e de falso, ou de genuíno e verdadeiro. Acontece a mim, também, o mesmo que às parturientes: sou estéril de sabedoria. Muito tem sido reprovado em mim, que interrogo a todo o tempo os outros e, depois, nada respondo a respeito de nada, por falta de sabedoria – na verdade, isto pode ser censurado em mim. E eis aqui a causa: a divindade me obriga a agir como obstetra, mas veda-me o dar à luz. [...] é verdade que os que convivem comigo passam justamente pelo mesmo estado das parturientes, porque sentem as dores do parto e estão cheios de ansiedade, dia e noite, ainda maiores do que o parteiro que sou: ás perguntas que eu te fizer, trata de responder do modo que puderes. E, se, depois, examinando algo do que disseres, eu julgá-lo fantasioso e não verdadeiro, oi sem maior valor, e por este motivo separá-lo e dissecá-lo, não te ofendas, como fazem as que dão à luz pela primeira vez com relação ao seus filhinhos (PLATÃO, Teeteto, 148e – 149b; 150 a; 150c-d; 151 a - d).
Dialética
a) Sócrates acrescentava também que o termo dialética
provém do hábito de dialogar no geral e distribuir os objetos por gêneros; em
consequência disso, era necessário dedicar-se sempre a este exercício, sendo
que tal estudo forma os melhores homens, os mais hábeis políticos e os mais
competentes dialéticos. (XENOFONTE, Ditos e feitos memoráveis de Sócrates, IV,
5)
b) Sócrates buscava a essência das coisas e a reta razão:
de fato ele tentava seguir o procedimento silogístico, e o princípio dos silogismos
é, justamente, a essência. Com efeito, duas são as descobertas que com razão
podem ser atribuídas a Sócrates: os raciocínios indutivos e a definição
universal; tais descobertas são a base da ciência. (ARISTÓTELES, Metafísica, D
1078 b, 23-30).
Protágoras (ca. 480-410)
b) o meu ensinamento concerne à astúcia: seja nos assuntos privados - isto é, o melhor de administrar a própria casa; seja nos assuntos públicos - isto é, o modo de se tornar sumamente hábil nos assuntos do governos da coisa pública (Patão, Protágoras, 318).
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