Ética e relações interpessoais na escola: estudo coletivo
RESUMO: O presente artigo apresenta reflexões e articulação
sobre as relações interpessoais entre os autores globais do processo
educacional, através de oficinas pedagógicas, com a finalidade da adequação
consciente comportamental como referência à formação humana dos alunos. Buscando
amenizar ou solucionar conflitos constantes de problemas de convivência entre
os pares dos profissionais da educação.
Palavras Chave: Ética; Relações Interpessoais; Escola.
DA PROPOSTA
Entre os sujeitos globais atuantes no espaço
escolares: auxiliares de sala, auxiliares de serviços gerais, cozinheiras,
secretários escolares, coordenadores, professores, etc. tem cada ocorrido
constantes conflitos interpessoais, ora por um sujeito não compreender o valor
do seu papel ora por não desconhecimento que uma determinada ação pode implicar
em consequências danosas a boa convivência e fruição do desenvolvimento do
trabalho.
Sendo assim, algumas Redes municipais de Ensino do Estado de São Paulo
têm recorrido a formações pedagógicas seja por meio de palestras e oficinas
direcionadas a comportamento no ambiente do trabalho, desde ao âmbito do
vestuário, comunicação ao âmbito das relações (assédio moral).
Para tanto, utilizou-se os procedimentos
didáticos do mais variados: a reconstrução de situações cotidianas, de contação
de histórias em conteúdo específicos, vídeos de valorização e sobretudo, a
Para tanto, utilizou-se os procedimentos didáticos do mais variados: a
reconstrução de situações cotidianas, de contação de histórias em conteúdo
específicos, vídeos de valorização e sobretudo, a distinção do comportamento
ético e moral, baseados em pressupostos teóricos filosóficos (Aristóteles, Kant
e Buber).
O que concerne em um conteúdo programático dividido por etapas: 1)
Diálogo de Sensibilização intrapessoal: O Eu; 2); Noções de valor, ética e
moral; 3) Teoria kantiana de Ética; 4) Comportamento e atitudes de relação de
trabalho; 5) lidando com os relacionamentos; 6) Reflexão sobre a fábula A
Ratoeira; 7) Construção das Regras de convivência; 8) Diálogo sobre a histórias
das Três Peneiras. 9) Situações adequadas para função – vestuário (dinâmica de
grupo), e, 10) A importância dos exemplos para crianças.
DA TEORIA
A Escola é um espaço rico em experiências
de formação ética. Pois, busca a codificação dos valores estabelecidos pela
sociedade à identificação dos conteúdos curriculares agregados aos vínculos da
pluralidade de pensamentos, pessoas e realidades, portanto, enfrentamentos de
procedimentos de
A Escola é um espaço rico em experiências de formação ética. Pois, busca
a codificação dos valores estabelecidos pela sociedade à identificação dos
conteúdos curriculares agregados aos vínculos da pluralidade de pensamentos,
pessoas e realidades, portanto, enfrentamentos de procedimentos de atitudes no
encontro e relações dos “Eus”, o que implica na atuação sobre cada um. Neste
sentido, Buber afirma: [...] Meu Tu atua sobre mim assim como eu atuo sobre ele
[...] (BUBER, 2001, p. 62).
O currículo formal ou currículo oculto do
cotidiano escolar segue a diretriz da formação da pessoa e, portanto, da
cidadania. Vejamos:
Na escola, o tema ética encontra-se, em primeiro
lugar, nas próprias relações entre os agentes que constituem essa
instituição: alunos, professores, funcionários e pais. Em segundo lugar, o tema Ética
encontra-se nas disciplinas do currículo, uma vez que, o conhecimento
não é neutro, nem impermeável a valores de todo tipo. Finalmente, encontra-se
nos demais Temas Transversais, já que de uma forma ou de outra, tratam de
valores e normas. Em suma, a reflexão sobre as diversas faces das condutas
humanas deve fazer parte dos objetivos maiores da escola comprometida com a
formação da cidadania. (BRASIL, apresentação dos temas transversais, Ética
Vol. 8 p. 32). (Grifo meu).
Por isso, só podemos estabelecermos relação uns com outros, quando no
ambiente do trabalho escolar, o Eu não transforma o outro em Isso, ou seja, em
coisa ou objeto de manipulação dos meus princípios e desejos.
Deste modo, Buber nos convida a viver a diferença radical do Diálogo
entre o eu-tu, ora não se tratando da mesma relação como dois termos diversos,
que aportam diferentes significados do eu. Uma vez que, não há um ser em si, há
somente um eu em si, na relação com o Diálogo com o outro. Essa análise da
intersubjetividade de Buber nos remete a uma síntese da propriedade do Eu.
Nesse
sentido, Buber (2001) concebe que a relação pessoal, é presidida pela
reciprocidade, presença e responsabilidade. E, por conseguinte, do diálogo, em
coloca o homem na sua existência e na sua “constituição de sua própria
realidade pessoal”.
[...] pela consciência moral
operam-se julgamentos de adequação entre comportamentos escolhidos
voluntariamente e ideias de conduta adotados como máxima a que deve obedecer. É
a consciência moral que se forma a satisfação do dever cumprido. (CUNHA, 1992, p.290).
Sendo assim, nossas ações serão legitimas quando estabeleço a
intencionalidade particular as intenções coletivas como uma lei universal no
sentido a não haver prejuízo por qualquer motivo e seja válida para qualquer
pessoa, como fonte de satisfação moral. Para Kant, o ato de colocarmos regras
sobre si mesmo é o exercício de poder e autonomia, decorrente de nossa
capacidade de deliberar, da liberdade e da nossa vontade. E, claro, uma direção
para educação em nossa vontade.
A necessidade prática de agir
segundo este princípio, isto é, o dever, não assenta em sentimentos, impulsos e
inclinações, mas sim somente na relação dos seres entre si, relação essa em que
a vontade de um ser racional tem de ser considerada sempre simultaneamente como
legisladora, porque de outra forma não podia pensa-se como fim em si mesma. A
razão relaciona, pois, cada máxima da vontade, concebida como legisladora
universal, com todas as outras vontades e com todas as ações para convosco
mesmos, e isto não em virtude de qualquer outro motivo prático ou de qualquer
vantagem futura, mas em virtude de ideia da dignidade de um ser racional que
não obedece a outra lei senão aquela que ele mesmo simultaneamente se dá [...]. (KANT,
1980, p.116).
Com simples para entendimento: Você possui tem três opções de ação
mediante há uma determinada situação:
Maria é auxiliar de cozinha da Escola “X”, viu que a direção da escola
não estava presente na escola e ninguém olhando, viu que tinha arroz em excesso
e que alguns estavam para passar da validade naquela semana e em casa a
situação estava muito difícil, então: 1) Age por dever: não rouba o alimento
porque roubar pode tornar uma lei universal. Nesse caso, a atitude é boa, pois,
foi determinada por uma boa vontade; 2). Age em conformidade com o dever: não
rouba o alimento, porque tem medo de ser preso, mas a atitude pode não ser boa,
porque foi determinada pelo medo; 3). Age contra o dever: rouba o alimento para
matar a fome de seu filho, contudo, a atitude é má, mesmo que a consequência
seja boa, foi determinada pela violação da responsabilidade.
Nesse sentido, a compreensão a Educação guiada pela autonomia, deve ser
pensada como um exercício gradual da perspectiva pessoal de tomada de decisões,
em repertórios cognitivos próprios. Dos quais, as crianças e adultos possam
compreender regras, passíveis de serem quebradas no posto de vista de adequação
a uma realidade nova, e outras são sólidas e importantes. Sem que haja grandes
lacunas na passagem da heteronomia para autonomia.
Segundo
Pérez (s.a) a atividade profissional na esfera educacional, sobretudo, a
docente, gera um caráter que
sustenta os direitos profissionais, desde as habilidades e intenções. Em o hábito profissional supõe uma ocupação intensa em tempo e contínua
enquanto ações. Bem como, todo o
hábito profissional implica um saber teórico e prático exclusivo da profissão.
Um
profissional descobre que seu trabalho não se limita sobre a sua personalidade
sem que o realiza concretamente e útil para o avanço da sua própria
humanização. O que podemos chamar de princípios da ética profissional escolar.
Entre os quais elencamos seja se pela ausência ou excesso, no sentido
aristotélico.
1) Beneficência:
o Princípio da Beneficência é o que estabelece que devemos fazer o bem aos outros, independentemente
de deseja-lo bem ou não é o seu merecimento: a Benemerência. O que dever considerado aqui é o:
·
O resultado de um bom ou bem-sucedido
trabalho realizado tecnicamente e ético.
·
Implica pergunta-se: qual a finalidade do
trabalho educacional? A quem e para serve à o seu exercício?
Não há uma justificação ética para os
profissionais que somente buscam o benefício pessoal, e, somente por sobre
obrigação exerce seu trabalho. Um profissional ético é aquele que faz o bem em
sua profissão:
Toda arte e
toda indagação, assim como toda ação e todo propósito, visam a algum bem; por
isso foi dito acertadamente que o bem é aquilo a que todas as coisas visam.
(Aristóteles, 1992, 1094a, p. 17.)
Não há nada moralista que deixar todo
mundo fazer o bem feito e você não realizar, cada atividade para fazer o bem
para que a atividade é intrinsecamente orientada. Ética profissional tem o seu
núcleo inspirador e seu incentivo propriedade máxima previsto.
2) Não maleficência:
a ação ou omissão dela nunca deve ser
em prejuízo do educando, mesmo quando o não beneficie, a ato de não trazer
nenhum dano, já é uma atitude de ajuda e solidariedade, que exige prudência e
evita erros, de forma ser moralmente reprovada.
3)
Princípio
de Autonomia: o exercício ético no contexto escolar seja
dos sujeitos globais da escola implica
em reconhecer e respeitar a liberdade de ser. E, evita o paternalismo no
sentido de posturas das atitudes, orientar e deixar agir, e corrigir quando for
necessário, em acordo com as leis e os sistemas de interesses estabelecidos
pela instituição escolar.
Por outro lado, a
capacidade pessoal de tomadas de decisões em exercício a pressão vai além do
profissional. Por isso, o consentimento é autorizado quando: o indivíduo e o
coletivo propõem-se iniciar quaisquer intervenções, depois ter explicado com
clareza as condições.
4)
Princípio
de Justiça
A Justiça
personificada na deusa Diké, a
Justiça, a Vingança, o Castigo, significa: o uso, a maneira ou modo de ser e de
agir, à maneira de, ao modo de; costume. Por isso, o modo de ser ou agir se
torna uma regra de conduta, a norma correta de ser e agir, ganhando assim o
sentido jurídico de certo, justo, conforme às leis e ao direito. A
função de Diké é impor uma regra de equilíbrio entre os seres e punir
a transgressão da regra. Estabelece uma medida justa para avaliar o modo de ser
e de agir dos homens. Os sujeitos globais da educação precisam:
·
Ter uma relação estreita com as necessidades
da sociedade. Estas necessidades estão vinculadas a um contexto do qual surgem
e pretendem servir.
·
O profissional desenvolve-se em um espaço
social, com os recursos escassos, em algumas realidades, com a necessidade de
compartilhar as demandas.
E, refletir sobre:
1) Quem
é justo quando não há recursos para satisfazer as demandas de todos?
2) O desempenho profissional da educação é o
mesmo que a sociedade espera de mim?
Estes princípios sejam eficazes na ação
docente, estes precisa abrir ao diálogo. E, como metodologia estamos propondo a
noção de valores e noções de valore moral na mediação de conflitos, que
todas as pessoas possuem, servem ao indivíduo para orientar seus
comportamentos e ações, na satisfação de determinadas necessidades.
Entre os valores morais destacam-se: a humildade (reconhecimento das
potencialidades, limitações, erros), a piedade
ou empatia (capacidade do reconhecimento da integridade do outro), a coragem (relacionada com a prudência e
o bom senso), o respeito (o outro
como ser inteiro como também sou), a solidariedade
(processo de humanização e cooperação) e a honestidade (agir de acordo com julgamento, coerência). Para ser
coerente naquilo em que acreditamos, propomos a realizar, naquilo que dizemos e
naquilo que fazemos, reforça a nossa capacidade prontamente, sem vacilar, a
situações que são bastantes similares, ou, então que ser coerente fortalece o
nosso caráter.
Estes
são necessários pois não somos seres neutros, vivemos em relação, os conflitos
fazem parte da nossa vida, as oportunidades de transformação. Os conflitos
podem tornar-se negativos como lidamos com ele. Podendo ser aproveitados para:
·
Internacionalizar objetivos de mudanças e
transformação.
·
Incrementar capacidades de comunicação e
expressão interpessoal.
·
Torna-los experiência de crescimento e
desenvolvimento.
Por isso, entre
habilidades de relacionamentos enquanto exemplos para os alunos consistem em
também compreender os motivos que movem o comportamento das pessoas e despertar
a simpatia (preocupação com o outro) e empatia (colocar-se no lugar do outro,
prevendo as consequências, contudo, sem jamais sentir a intensidade do
sofrimento do outro), bem como a fidelidade as próprias convicções.
DA PRÁTICA
Ao refletirmos sobre
ética e os seus fundamentos nas relações, exige o uso da ludicidade,
principalmente. Com os colaboradores, utilizamos algumas técnicas. 1). Pensar
sobre o Eu / Como vai você: cada pessoa responderá em uma filipeta as seguintes
perguntas: a) Anseios / Temores, b). Esperanças, c). Seu jeito de ser.
Entende-se para falarmos de relacionamentos interpessoais, preciso direcionar
toda a atenção e cuidado para aquilo que estamos sendo enquanto pessoa. Pois, é
a partir disso que corresponde as outras questões do coletivo.
Figura 01
2) As Regras da Boa
Convivência: divisão de grupos para realizar um desenho de uma planta nas suas
folhas escreverem o que seria importante para uma boa convivência. Seguido de
apresentações, explicando o porquê da escolha. Após, refletir sobre as
principais comuns que emergiriam.
Figura 02
Esta atividade realizada
coletivamente, colaborou para gestores e colaboradores compreeder o real
significado de cada palavra exposta, bem como a estreila ligação com os traços
simbólicos de cada desenho, ora representado pou um flor que não possui caule
(Im 1), ora uma árvore que possui frutos em amadurecimentos (Im 2). D. Por
isso, a participação e a cooperação é destinado a serviço da pessoa, fazendo o
enfretamento do real com o idealizado.
1)
Técnica Teatral: Em virtude das particularidades e
contexto da Rede Municipal γ os colaboradores encenaram problemas do cotiano em
mais vivenciados por eles de forma livre. Foram divididos em 3 grupos: Grupo
1: pais e escola; Grupo 2: entre os pares; Grupo 3: Organizariam possíveis
argumentos e julgamentos para soluções para cada situação para os demais grupo,
sob a égide do suposto aceitamentos dos grupos, buscando solução em conjunto.
Figura 03
3)
Leitura Investigativa: Para tanto, investigação
dialética foram utilizados dois textos: A
ratoeira
(autor anônimo) para refletirmos
sobre a importância do trabalho de equipe e percepção que um problema de cada
sujeito global representa pode comprometer toda a instituição escolar. E,
principalmente a questão de repasse de informações de alguém para outrem (“fofocas”)
trabalhadas na anedota socrática As tres
peneiras.
4) Identidade
Visual: como reflexão das situações adequadas para o exercício da função profissional. a) Trocar o uniforme diariamente
e utilizá-lo apenas nas dependências internas da unidade; b) Não usar adornos
exagerados (brincos, anéis, aliança, pulseiras, gargantilha, fitinha, relógio,
piercing); c) Não usar maquiagem em execesso e perfume de essencias fortes; d) Manter os
cabelos presos e penteados totalmente protegido; d) Não carregar no uniforme
objetos como: carteira, cigarro, celular, relógio, canetas, etc. Para tanto,
dividimos em grupos distintos com imagens distintas em que encaixavam no
comportamento de acordo com a função escolar exercida.
No plano prático ainda há apenas um indicativo
que o processo formativo há melhora de realização profissional pessoal, ainda
que não há quantificações, se é possível. O que pode ser sintetizado pelo
relato por meio de uma carta escrita por uns dos sujeitos da Rede Municipal α:
Imagem 04
Considerações
Finais
Pelo exposto, todos os suejtos globais da escola, é
validado por uma educação a partir dos fatos e das fontes, tendo como a referencia, os principios, os critérios para
regras de conduta, como formação integral do homem. Contudo, um trabalho mais amplo a
ser feito no ambiente perpassa todas as ações do sujeito. E, se faz urgente a
constância de discussão dos dilemas morais dos sujeitos que ali convivem.
Por isso, as oficinas como sensibilização
no plano discurso sob a forma de normas, da percepção dos sentimentos e a
escuta ativa: deve-se proceder de tal
maneira (CUNHA, 1992, p.290).
O valor consiste
em acentuar os componentes cognitivos da moralidade. A abordagem pelo
julgamento de valores defende que existem princípios universais (Amor, Cuidado,
Responsabilidade, Solidariedade, Compadecimento e Integração) em atos ciclos
que constituem os fundamentos da ética, portanto, a justa medida entre o
encontro daquilo que possa oferecer de melhor e aquilo que o outro pode agregar
em mim.
Por isso, a
escola como espaço social admite a contingência humana como interdependência do
desenvolvimento da alteridade.
REFERÊNCIAS
ARISTÓTELES. Ética
a Nicômaco. Tradução Mário da Gama Kury.
2.ed. Brasília: Editora
Universidade de Brasília. 1992.
CUNHA,
José Curi. Filosofia: Iniciação à
investigação filosófica. São Paulo: Atual, 1992.
KANT,
Immanuel. Fundamentação da metafisica
dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Coleção Os Pensadores).
PÉREZ,
Ricardo Montes. Ética no contexto
educacional: algumas claves deontológicas pela sua compreensão.
Universidade Católica del Norte: Chile, s.a.
Disponível em: https://pt.scribd.com/document/185414116/MODULO-DE-ETICA-DOCENTE-pdf.
Acesso: 12/11/2016.
BRASIL.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Apresentação
dos temas transversais – Ética. Vol.8.
Secretaria de Educação Fundamental: Brasília: MEC/SEF, 1997.
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