CURRÍCULO E CONHECIMENTO: UM INSTRUMENTO PARA DA FORMAÇÃO HUMANA





RESUMO
Este artigo pretende analisar a relação do Currículo escolar e a produção do Conhecimento, com um instrumento de construção de significados, bem como, o resgate da memória cultural, a identidade humana e as relações sociais, instauradas por uma necessidade intrínseca, ou seja, o atendimento da nossa constituição existencial. Com objeto a ser delineado possui como referencial teórico a filosofia crítica de Theodor Adorno, pois incentiva o desenvolvimento de uma formação para a autonomia e defende uma educação como um processo de transformação social e é a única chance de emancipar o homem.

PALAVRAS-CHAVE: Currículo.  Conhecimento. Humanidades. Educação.


INTRODUÇÃO

  Na sociedade atual caracterizada pela sua dinamicidade, pluralidade e avanços tecnológicos, a realidade educativa em que o professor atua, vêm tornando-se cada vez mais complexa, mutável e conflituosa. De forma que o seu êxito profissional está estreitamente dependente de sua capacidade de examinar esta complexidade mediante de propostas curriculares expressas. Esses, de um lado, são constituídos por conhecimentos determinados (quadro de rol de disciplinas) como um canal de comunicação entre o que está dentro da escola e o extramuros, embora multifacetado, o conhecimento é visto com algo permanente a ser dominado por competências e habilidades.  

Em contrapartida, para alguns docentes-pesquisadores, é uma forma de resgatar a memória cultural, a identidade humana e as relações sociais, instauradas por uma necessidade intrínseca, ou seja, o atendimento da nossa constituição existencial. Um instrumento de construção de significados.

 É inegável que a educação não pode ser analisada isoladamente, sem considerar a sociedade-cultura envolvida nem tampouco seu contexto histórico, com todos os efeitos sobre os indivíduos. Apesar de o primeiro entendimento admitir com certa eficiência o cotidiano educacional, a última o amplia quando articular-se ensino e aprendizagem (Conhecimento) materializada nas relações humanas.

Pois, nela há associação direta do aspecto teórico (conteúdos técnicos, científicos, pedagógicos e culturais) e da prática (currículo oculto, inserção no mundo e aplicabilidade possível dos conhecimentos) do homem que se deseja formar. Porém, não há espaços para subjugar em aprisionamentos o homem, ao contrário, emancipa-lo.

[...] viver é, portanto, romper com as condições sociais anteriores e com fragmentos internos dessas condições, ou seja, com internalizações as quais os sujeitos resistem em manter. É construir identidades a partir das relações complexas. (SOUZA; Pereira; Martins, s.d., s.p)

Nesse contexto, a Teoria e Prática são produtos da ação humana, da ação de um agente sobre outro ser humano, independentemente sobre quem atue. Com estas bases é possível repensar o currículo com desenvolvimento da capacidade de refletir o teórico. Capacidade esta que somente pode ser realizada no interior de prática expressada em uma atividade concreta apropriada.
Este processo pode ser compreendido e dividido em quatro etapas imprescindíveis: 1) A análise do conhecimento no (pré) contextos vividos pelos envolvidos (educandos e educadores) em suas características fundantes; 2) Compreensão através do Diálogo, entre os sujeitos; 3) Aplicação de forma natural dos interesses significativos, surgido pela força do Diálogo, balizando os conteúdos. 4) Reconstrução do senso epistemológico adquirido.
Devido aos limites deste textículo, irei apenas esboçar de uma forma geral as quatro etapas. Esta forma de conceber o currículo exige do docente o exercício constante do (re) planejamento de valores socioculturais, políticos, históricos e antropológicos, visto como, o conhecimento de si paralelo ao conhecimento da filiação profissional concernente aos conhecimentos dos fins educativos

As atividades educativas escolares correspondem à ideia de que existem certos aspectos do crescimento pessoal, considerados importantes no âmbito da cultura do grupo, que não poderão ser realizados satisfatoriamente ou que não ocorrerão de forma alguma, a menos que seja fornecida uma ajuda específica, que sejam exercidas atividades de ensino especialmente pensadas para esse fim. São atividades que correspondem a uma finalidade e são executadas de acordo com um plano de ação determinado, isto é, estão a serviço de um projeto educacional.(COLL, 1996, p.43).


Isto estabelece uma proposta curricular com objetivos válidos, excluindo as quimeras do ensino de assuntos superficiais, mapeados por ideias fundamentais numa perspectiva da “rede” como feixe de significados.  A partir do qual venha contribuir para constituição da função escolar e do docente na sociedade em que vivemos.

Nessa perspectiva, o currículo pode ser compreendido como meio de nos constituirmos como somos, enquanto sujeitos de direitos, carregados de valores e princípios compartilhados no contexto social do qual participamos. (BENÍTEZ, 2012, sp.)

 Assim, transpondo ao já mencionado, recorro às ideias do filosofo Theodor Adorno[1], pois ele remete que aos apelos incessantes da prática podem gerar atrofia da teoria (aspecto intelectual) e com isso uma pseudo teorização (PUCCI, 2001, p.13).  Para ele compreender a relação entre ser ou não ser intelectual é fundamental, já que a mesma está diretamente ligada à essência humana.  Adorno critica os “artesãos” das ciências particulares e os convida a se dedicarem a formação filosófica e depois a suas artes específicas. Ele perpassa através do espírito filosófico desenvolvido, enquanto forma pura do saber, todas as disciplinas.
     Afirma, ainda, que o próprio espírito, não restringindo àquilo que é factual porta em si aquele impulso de que subjetivamente se precisa. A obrigação de entregar-se ao movimento deste impulso, para ele, foi subscrita por todo aquele que optou por uma profissão intelectual.  
      A educação, assim, ganha importância e sentido quando promove um currículo baseado em formação da consciência critica humanizadora, satisfazendo, inclusive, à necessidade política de indivíduos emancipados, formando-os se resume na mera transmissão de conteúdos ou moldá-los. Primeiro porque o moldar ou adaptar-se desconsidera qualquer tipo de liberdade em relação ao mundo que o indivíduo possa ter e, segundo, porque os próprios conteúdos devem ser criticamente pensados em todas as etapas do processo educativo, para que não se torne um mero aparato instrumental, e sem sentido para o aluno.

[...] Sempre me restrinjo ao registro sem qualquer intenção de juízo, que se rompem acordos de estudos no que se refere ao tempo de formação, sem levar em conta se deste modo se elimina seu élan, seu conteúdo mais importante. Mudanças de fundo exigem pesquisas acerca do processo de formação profissional. Seria preciso atentar especialmente até que ponto o conceito de “necessidade da escola” oprime a liberdade intelectual e a formação do espírito. (ADORNO, 1995, p. 115-116).

   Assim, o currículo perpassa para a autonomia, pela reflexão critica, formativa de dimensões de resistência do individuo, precisa–se mais do que nunca a ser trabalhada, pois “(...) estão ameaçados de danos maiores por parte do espírito deformado e inculto”, que está à frente deles (ADORNO, 1995, p.53).
Considerando estas reflexões, pode-se fazer a imersão no trabalho de Adorno r à discussão da importância homem no currículo, além da técnica, mas também direcionada para a leitura do mundo e construção da emancipação por meio da crítica da realidade educacional e das interações dos sujeitos envolvidos na formação.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, THEODOR. Educação e Emancipação. Tradução Wolfganf Leo Maar. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1995.

BENÍTEZ, Iara Maria Stein.  CURRÍCULO ESCOLAR. In: Cola da Web, 03/04/2012. Disponível em:  http://www.coladaweb.com/pedagogia/curriculo-escolar - Acesso junho/2014

COLL, César. Psicologia e Currículo: uma aproximação psicopedagógico à elaboração do currículo. São Paulo: Ática, Coleção Fundamentos, 1996.

PUCCI, Bruno. Teoria Crítica e Educação: contribuições da Teoria Crítica para a formação do professor. Espaço Pedagógico. V. 8, p. 13-30, 2001.

SOUZA, Luzia M. de; PEREIRA, Navair M.; Martins, Carla H.F. O Cotidiano escolar e o currículo como meios de formação e construção de identidades. Sem data. Disponível em: alb.com.br/arquivo morto/edicoes_anteriores /anais14/.../C14036.doc   – Acesso 03/06/2014.



[1]  Nasceu em 1903 e morreu em 1969. O filosofo desenvolveu a Teoria Critica da sociedade industrial e cultural. Denunciou sobre a ideologia da dominação da natureza pela técnica, que traz a dominação do próprio homem.

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